O Pré-Modernismo foi um período de intensa movimentação
literária que marcou a transição entre o simbolismo e o modernismo e foi
caracterizado pelas produções desde início do século até a Semana de Arte
Moderna, em 1922.
Esse movimento não é considerado uma escola literária, porque apresenta
inúmeras produções artísticas e literárias distintas. Todos escritores
Pré-Modernistas assumem uma posição mais crítica em relação à sociedade e aos
modelos literários anteriores.
Por isso, muitos escritores pré-modernistas rompem com a linguagem
formal e além disso, exploram temas históricos, sociais, políticos e
econômicos.
Vale ressaltar que as obras pré-modernistas, enfatizavam a realidade
brasileira (Miséria, Seca, Desigualdades Sociais, Injustiças, Corrupção). Nesse
momento literário tivemos como principais protagonistas “Euclides da Cunha com
Os Sertões” e “Lima Barreto como “O Triste Fim de Policarpo Quaresma.” Porém
devemos salientar outros colaboradores como Augusto dos Anjos, Graça Aranha e
Monteiro Lobato.
Características do Pré-Modernismo no Brasil
* Ruptura
com academicismo.
* Linguagem coloquial.
* Exposição da realidade
social brasileira.
* Regionalismo e
nacionalismo.
* Marginalidade das
personagens: O sertanejo, O Caipira, O mulato.
* Temas: Fatos históricos, políticos,
econômicos e sociais.
Principais Autores Brasileiros Pré-Modernistas
Todos escritores Pré-Modernistas assumem uma posição mais crítica em
relação à sociedade e aos modelos literários anteriores.
Os Pré-Modernistas que se destacaram foram: Euclides da Cunha Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Graça Aranha e Monteiro
Lobato.
Euclides da Cunha (1866-1909)
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, município do
Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866. Órfão foi criado por tias na Bahia,
onde fez os primeiros estudos. Foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista,
historiador, sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a
cadeira 7 na Academia Brasileira de Letras de 1903 a 1906. Publicou "Os
Sertões: Campanha de Canudos" em 1902, obra regionalista, dividida em três
partes: A Terra, o Homem, A Luta; retrata a vida do sertanejo e a Guerra de
Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.
Os Sertões, obra de Euclides da Cunha, pode ser dividido em três partes, são
elas:
1. A Terra: Nesta parte, o escritor traça um detalhado perfil das condições
geográficas brasileiras e faz uma análise crítica do sertão nordestino.
2. O homem: É uma descrição física, emocional e social sobre o homem do
sertão. Nesse cenário introduz a figura mística de Antônio Conselheiro.
3. A luta: o plano de fundo é a Guerra de Canudos, ou seja as quatro
expedições ocorridas em Canudos.
Antonio Conselheiro
A história de Antonio
Conselheiro, ou melhor, Antonio Maciel Mendes Maciel, começa no sertão
cearense, numa luta entre a rica família dos Araújos e a família Maciel, de
pequenos criadores de gado, esse conflito durou um século, como tantos pelo
interior nordestino. Antônio Vicente nasceu em meio a disputa e em 1855, vamos
encontrá-lo em Quixeramobim, levando uma vida corretíssima e calma.
A partir de 1858 todos os seus atos indicam uma transformação de
caráter. Perde os hábitos sedentários. Incompatibilidades de gênio com a esposa
e a péssima índole dela, tornam instável a sua situação.
Em poucos anos vive em diversas vilas e povoados. Adota diversas
profissões.
Algum tempo depois, “foge-lhe a mulher, raptada por um policial.
Foi o desfecho. Completamente envergonhado, o infeliz procura o recesso dos
sertões, nas paisagens desconhecidas, onde ninguém sabia o nome dele. O mesmo desce
para o sul do Ceará e logo após desaparece.
Antonio Maciel só iria reaparecer dez anos depois, já como o
místico Antonio Conselheiro:
E surgia na Bahia o homem sombrio, cabelos crescidos até aos
ombros, barba inculta e longa, face sofrida, olhar forte, monstruoso.
Lima Barreto (1881-1922)
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na
cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante a
vida. Ficou órfão aos seis anos de idade de mãe e, algum tempo depois, seu pai
foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de
Alienados da Ilha do Governador.
Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica,
contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido
internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de
casa.
Como leu bastante após a conclusão do segundo grau,
sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua
atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as
principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto,
o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde
aposentaria em 1918.
Não foi reconhecido na Literatura de sua época,
apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida.
Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados
na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de
embriaguez.
Lima Barreto fez de suas experiências pessoais,
canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou o preconceito
racial, as injustiças e a corrupção. Sua principal obra foi O Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual
relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado
pela figura de Policarpo Quaresma.
Sob esse aspecto, o tema do romance é desdobrado em três projetos:
01. Projeto Cultural: se passa no Rio de Janeiro, onde Policarpo é conhecido como Major
Quaresma, embora não tenha direito à patente, ele trabalha como funcionário
público, dedicando todo o seu tempo livre a estudos detalhados sobre o Brasil.
Quando começa a aprender o idioma Tupi, ele redige um requerimento à Câmara
solicitando a adoção do Tupi-Guarani como idioma oficial no país. Fortemente
ridicularizado, o Major acaba perdendo o emprego e, sem ter quem o apóie,
posteriormente é encaminhado ao hospício.
02. Projeto Agrícola: ocorre em uma pequena propriedade rural no município de Curuzu, que ele
comprou na época. As pessoas passam a acreditar que ele esteja curado, mas este
é, na verdade, mais um dos projetos de Policarpo que vê na agricultura o
alicerce de crescimento para o país. Contudo ele não demora muito a se
decepcionar com tantos impedimentos, a terra não era tão fértil como ele imaginava,
o excesso de pragas, o retorno financeiro insuficiente para novas plantações.
03. Projeto Político: Retrata a chegada de Policarpo à Capital Federal durante a revolta da
Armada, onde ele decide “lutar pela Pátria” juntando-se a uma batalhão de
artilharia. Desiludido com o que testemunhou durante o período de combate e
revoltado com a injustiça do método arbitrário de escolha dos prisioneiros a
serem executados, Policarpo escreve uma carta ao presidente Floriano Peixoto
denunciando a situação e acaba preso, acusado de traição.
A linguagem bastante próxima à popular e os trechos cômicos dão uma
certa leveza à uma narrativa essencialmente amarga e repleta de críticas a
diversos aspectos da sociedade e, mais duramente, ao positivismo e o poder
político da época.
Augusto dos
Anjos (1884-1914)
Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho
Pau-d’Arco, Vila do Espírito Santos, Paraíba, em 20 de abril de 1884. De uma
família de proprietários de engenhos, assistiu nos primeiros anos do século XX,
à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes
usinas.Em 1903, matricula-se na Faculdade de Direito do Recife, formando-se em
1907. Retorna à capital paraibana, onde leciona literatura brasileira, casa-se
em 1910. Nesse ano, em conseqüência de desentendimento com o governador, é
afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano. Muda-se para o Rio de
Janeiro e passa a dedicar-se ao magistério, lecionando no Colégio Pedro II. Em
1911 morre prematuramente seu primeiro filho. No ano seguinte, publica EU, seu
único volume de poesias. Em 1914, transfere-se para Leopoldina, Minas Gerais,
para assumir a direção de um grupo escolar. Morre, após dez dias de fortíssima
gripe em 12 de novembro de 1914.
Augusto dos Anjos é
um poeta único em nossa literatura. Sua obra é a soma de todas as tendências(ou
de todos os – ismos, como se costuma dizer) da segunda metade do século XIX e
do início do século XX. Curiosamente sua obra apresenta traços do
Expressionismo alemão sem que, no entanto, ele tenha conhecido a teoria dessa
tendência de vanguarda. Se por um lado Augusto dos Anjos pode ser considerado o
poeta do “mau gosto”, do escarro, dos vermes, por outro é também um
cientificista. Esse autor teve como principais obras: Saudade (Poema) 1900, Eu
e outras Poesias (1912), Psicologia de um vencido e Versos íntimos.
Graça Aranha (1868-1931)
José Pereira da Graça Aranha foi um escritor e diplomata
maranhense. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e um dos
organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
Graça Aranha é um autor cuja importância se deve a um único
livro: Canaã, romance de tese que retrata a vida numa colônia de imigrantes
europeus no Espírito Santo.
Tudo gira em torno de dois personagens, imigrantes
alemães, com diferentes visões de mundo: enquanto Milkau acredita na humanidade
e pensa encontrar a “terra prometida” (Canaã) no Brasil, Lentz não se adapta à
realidade brasileira, voltado que era para a superioridade germânica e para a
lei do mais forte. Nas palavras do crítico Alfredo Bosi:
“ É o contraste entre o racismo e o universalismo, entre a
“lei da força” e a “lei do amor”, que polariza ideologicamente em Canaã as
atitudes do imigrante europeu diante da sua nova morada.”
Outras obras que merecem destaque: Malazarte (1914), A
Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).
Monteiro Lobato (1882-1948)
José Bento
Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro.
Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito
conhecido por suas obras infantis de caráter educativo como, por exemplo, a
série de livros do Sítio do Picapau Amarelo.
Em 1918 publica "Urupês" uma coletânea
regionalista de contos e crônicas. Já em 1919 publica "Cidades
Mortas" livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.