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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

MACUNAÍMA



  Macunaíma é um herói preguiçoso, sem caráter e dissimulado. Nasceu em meio à mata, já grande, e só começou a falar aos seus seis anos de idade, prova cabal de sua preguiça. Esse personagem, durante a obra, representa o brasileiro. Seus jeitos e trejeitos, suas expressões e seus diálogos cômicos, suas atitudes e confissões. Macunaíma, de negro, se transforma em branco e do sertão migra para a cidade com os irmãos, buscando um compêndio de todas as vivências e aventuras possíveis no país. Macunaíma vive várias aventuras na cidade de forma zombeteira, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de todos os tipos. Cada personagem na obra e sua relação com o protagonista se identifica a uma metáfora de alguma das estruturas sócias do Brasil. O filme, homônimo da obra textual de Mário de Andrade – Macunaíma -, resgata a obra que, por excelência, representa a construção - ou até mesmo forjação - de uma identidade cultural brasileira.

Em Macunaíma, filme produzido em 1969 por Joaquim Pedro de Andrade, temos a expressão cinematográfica da obra de Mário de Andrade. O filme retrata com ardente fidelidade cenários, mitos, passagens, diálogos, costumes e representações. Todos elementos foram retirados e inspirados da obra textual do poeta modernista brasileiro.

Por trás dessa “comédia literária” se escondem, ou brilham de forma intensa, personagens que representam uma crítica a todo o universo social e cultural do Brasil de até então. O protagonista do filme, já nasce grande e só começa a falar aos seis anos de idade, o que representaria na obra tanto de Mário de Andrade como de Joaquim Pedro o universo preguiçoso que ronda e assola o povo brasileiro contra o ideal de trabalho. Junto a esse, outro elementos do Brasil são misturados no filme, como o mau-caratismo, o subdesenvolvimento, o tropicalismo e os preconceitos.

Em Macunaíma, a construção das cenas das imagens e do roteiro do filme permitem afirmar que Joaquim Pedro teve que fazer um amplo estudo da obra literária. Segundo Ely Azevedo, o livro permite que vários roteiros de obras audiovisuais sejam feitos, porém o de Joaquim Pedro é o suficiente para ser eternizado devido à eficácia, objetividade e agilidade com que o filme expressa o teor central da obra. Assim, o processo de criação do Cinema Novo, da mesma forma que o modernismo, estruturou-se em cima da Semana de Arte Moderna de 22.

Joaquim Pedro, ao seguir Mário de Andrade, consegue transmitir em sua obra um Brasil vibrante através da utilização e locação dos cenários, das cores utilizadas em cena, do figurino e da construção da linguagem, ao mesmo tempo em que revela, explora e dialoga com os problemas do país e de sua população. A evidência no filme de um “Brasil muito brasileiro” é o ponto de partida para assimilação e transformação da cultura popular pelo artista, pois toda uma realidade muito típica conseguiu ser retratada de forma satírica, mas real, em cada cena de Macunaíma.

A comédia de Joaquim Pedro já se inicia com o nascimento do protagonista em meio à mata virgem. Essa representação já demonstra o desejo de explorar o inexplorado, de revelar o Brasil que surge da tipicidade de seu povo e de sua própria cultura. Cultura essa que, aliás, dialoga com si mesma ao refletir o típico modo de vida do brasileiro, ou a construção cultural pitoresca do povo.
O caminho percorrido pelo protagonista, na obra textual é metaforizado concomitantemente às passagens culturais e sociais de Macunaíma. A alegoria da população brasileira em sua diversidade, que se transforma em unicidade, se dá pelos percalços discorridos durante a obra.

Apesar dos poucos cortes expressivos e de muitos elementos colocados para que o espectador os decifre, sobram cores, movimentos e diálogos construídos em cima de linguagem própria, o que muitas vezes acaba por dificultar seu perfeito entendimento.

Esses mesmo movimentos, agilidade textual e jogo de cores mascaram a falta de dinamismo ocasionado pelo pouco uso de filmagens de variados ângulos. Em toda sua dimensão o filme ganha dinâmica ao mesmo tempo em que se revela a cada cena uma nova representação visual. A curiosidade por novos acontecimentos e os atos cômicos de Macunaíma sustentam, de certa forma, o interesse pelo fim que ocorre sem grandes descobertas ou evoluções. O personagem principal termina o filme retornando à selva depois longa e tumultuada passagem urbana.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

QUESTÃO DESAFIO 02



O Pré-Modernismo foi considerado um período de transição entre o Simbolismo e o Modernismo. Nesse momento literário tivemos vários autores renomados, os quais são lembrados até hoje através de suas obras. No entanto indique quais eram as principais semelhanças e diferenças existentes entre "Os Sertões" e "O Triste Fim de Policarpo Quaresma"?

quarta-feira, 30 de abril de 2014

QUESTÃO DESAFIO 01




QUESTÃO DESAFIO 01.
Qual foi o motivo da formação do arraial de Canudos? Esse momento literário teve algum protagonista? E como o governo da época se comportava diante dessa situação?

segunda-feira, 28 de abril de 2014

O PRÉ-MODERNISMO NO BRASIL

O Pré-Modernismo foi um período de intensa movimentação literária que marcou a transição entre o simbolismo e o modernismo e foi caracterizado pelas produções desde início do século até a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Esse movimento não é considerado uma escola literária, porque apresenta inúmeras produções artísticas e literárias distintas. Todos escritores Pré-Modernistas assumem uma posição mais crítica em relação à sociedade e aos modelos literários anteriores.
Por isso, muitos escritores pré-modernistas rompem com a linguagem formal e além disso, exploram temas históricos, sociais, políticos e econômicos.
Vale ressaltar que as obras pré-modernistas, enfatizavam a realidade brasileira (Miséria, Seca, Desigualdades Sociais, Injustiças, Corrupção). Nesse momento literário tivemos como principais protagonistas “Euclides da Cunha com Os Sertões” e “Lima Barreto como “O Triste Fim de Policarpo Quaresma.” Porém devemos salientar outros colaboradores como Augusto dos Anjos, Graça Aranha e Monteiro Lobato.

Características do Pré-Modernismo no Brasil

* Ruptura com academicismo.

* Linguagem coloquial.

* Exposição da realidade social brasileira.

* Regionalismo e nacionalismo.

* Marginalidade das personagens: O sertanejo, O Caipira, O mulato.

* Temas: Fatos históricos, políticos, econômicos e sociais.

 

Principais Autores Brasileiros Pré-Modernistas

Todos escritores Pré-Modernistas assumem uma posição mais crítica em relação à sociedade e aos modelos literários anteriores.
Os Pré-Modernistas que se destacaram foram: Euclides da Cunha Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Graça Aranha e Monteiro Lobato.

                           Euclides da Cunha (1866-1909)

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, município do Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866. Órfão foi criado por tias na Bahia, onde fez os primeiros estudos. Foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia Brasileira de Letras de 1903 a 1906. Publicou "Os Sertões: Campanha de Canudos" em 1902, obra regionalista, dividida em três partes: A Terra, o Homem, A Luta; retrata a vida do sertanejo e a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.
Os Sertões, obra de Euclides da Cunha, pode ser dividido em três partes, são elas:
1. A Terra: Nesta parte, o escritor traça um detalhado perfil das condições geográficas brasileiras e faz uma análise crítica do sertão nordestino.
2. O homem: É uma descrição física, emocional e social sobre o homem do sertão. Nesse cenário introduz a figura mística de Antônio Conselheiro.
3A luta: o plano de fundo é a Guerra de Canudos, ou seja as quatro expedições ocorridas em Canudos.

                                        Antonio Conselheiro
A história de Antonio Conselheiro, ou melhor, Antonio Maciel Mendes Maciel, começa no sertão cearense, numa luta entre a rica família dos Araújos e a família Maciel, de pequenos criadores de gado, esse conflito durou um século, como tantos pelo interior nordestino. Antônio Vicente nasceu em meio a disputa e em 1855, vamos encontrá-lo em Quixeramobim, levando uma vida corretíssima e calma.
A partir de 1858 todos os seus atos indicam uma transformação de caráter. Perde os hábitos sedentários. Incompatibilidades de gênio com a esposa e a péssima índole dela, tornam instável a sua situação.
Em poucos anos vive em diversas vilas e povoados. Adota diversas profissões.
Algum tempo depois, “foge-lhe a mulher, raptada por um policial. Foi o desfecho. Completamente envergonhado, o infeliz procura o recesso dos sertões, nas paisagens desconhecidas, onde ninguém sabia o nome dele. O mesmo desce para o sul do Ceará e logo após desaparece.
Antonio Maciel só iria reaparecer dez anos depois, já como o místico Antonio Conselheiro:
E surgia na Bahia o homem sombrio, cabelos crescidos até aos ombros, barba inculta e longa, face sofrida, olhar forte, monstruoso.

                                   Lima Barreto (1881-1922)

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante a vida. Ficou órfão aos seis anos de idade de mãe e, algum tempo depois, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de Alienados da Ilha do Governador.
Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa.
Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde aposentaria em 1918.
Não foi reconhecido na Literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.
Lima Barreto fez de suas experiências pessoais, canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou o preconceito racial, as injustiças e a corrupção. Sua principal obra foi O Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado pela figura de Policarpo Quaresma.
Sob esse aspecto, o tema do romance é desdobrado em três projetos: 
01. Projeto Cultural: se passa no Rio de Janeiro, onde Policarpo é conhecido como Major Quaresma, embora não tenha direito à patente, ele trabalha como funcionário público, dedicando todo o seu tempo livre a estudos detalhados sobre o Brasil. Quando começa a aprender o idioma Tupi, ele redige um requerimento à Câmara solicitando a adoção do Tupi-Guarani como idioma oficial no país. Fortemente ridicularizado, o Major acaba perdendo o emprego e, sem ter quem o apóie, posteriormente é encaminhado ao hospício.
02. Projeto Agrícola: ocorre em uma pequena propriedade rural no município de Curuzu, que ele comprou na época. As pessoas passam a acreditar que ele esteja curado, mas este é, na verdade, mais um dos projetos de Policarpo que vê na agricultura o alicerce de crescimento para o país. Contudo ele não demora muito a se decepcionar com tantos impedimentos, a terra não era tão fértil como ele imaginava, o excesso de pragas, o retorno financeiro insuficiente para novas plantações.
03. Projeto Político: Retrata a chegada de Policarpo à Capital Federal durante a revolta da Armada, onde ele decide “lutar pela Pátria” juntando-se a uma batalhão de artilharia. Desiludido com o que testemunhou durante o período de combate e revoltado com a injustiça do método arbitrário de escolha dos prisioneiros a serem executados, Policarpo escreve uma carta ao presidente Floriano Peixoto denunciando a situação e acaba preso, acusado de traição.
A linguagem bastante próxima à popular e os trechos cômicos dão uma certa leveza à uma narrativa essencialmente amarga e repleta de críticas a diversos aspectos da sociedade e, mais duramente, ao positivismo e o poder político da época.

                               Augusto dos Anjos (1884-1914)
Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho Pau-d’Arco, Vila do Espírito Santos, Paraíba, em 20 de abril de 1884. De uma família de proprietários de engenhos, assistiu nos primeiros anos do século XX, à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes usinas.Em 1903, matricula-se na Faculdade de Direito do Recife, formando-se em 1907. Retorna à capital paraibana, onde leciona literatura brasileira, casa-se em 1910. Nesse ano, em conseqüência de desentendimento com o governador, é afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano. Muda-se para o Rio de Janeiro e passa a dedicar-se ao magistério, lecionando no Colégio Pedro II. Em 1911 morre prematuramente seu primeiro filho. No ano seguinte, publica EU, seu único volume de poesias. Em 1914, transfere-se para Leopoldina, Minas Gerais, para assumir a direção de um grupo escolar. Morre, após dez dias de fortíssima gripe em 12 de novembro de 1914.
 Augusto dos Anjos é um poeta único em nossa literatura. Sua obra é a soma de todas as tendências(ou de todos os – ismos, como se costuma dizer) da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Curiosamente sua obra apresenta traços do Expressionismo alemão sem que, no entanto, ele tenha conhecido a teoria dessa tendência de vanguarda. Se por um lado Augusto dos Anjos pode ser considerado o poeta do “mau gosto”, do escarro, dos vermes, por outro é também um cientificista. Esse autor teve como principais obras: Saudade (Poema) 1900, Eu e outras Poesias (1912), Psicologia de um vencido e Versos íntimos.

                                  Graça Aranha (1868-1931)

José Pereira da Graça Aranha foi um escritor e diplomata maranhense. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.
Graça Aranha é um autor cuja importância se deve a um único livro: Canaã, romance de tese que retrata a vida numa colônia de imigrantes europeus no Espírito Santo. 
Tudo gira em torno de dois personagens, imigrantes alemães, com diferentes visões de mundo: enquanto Milkau acredita na humanidade e pensa encontrar a “terra prometida” (Canaã) no Brasil, Lentz não se adapta à realidade brasileira, voltado que era para a superioridade germânica e para a lei do mais forte. Nas palavras do crítico Alfredo Bosi:
“ É o contraste entre o racismo e o universalismo, entre a “lei da força” e a “lei do amor”, que polariza ideologicamente em Canaã as atitudes do imigrante europeu diante da sua nova morada.”
Outras obras que merecem destaque: Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).

                                  Monteiro Lobato (1882-1948)

José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro. Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito conhecido por suas obras infantis de caráter educativo como, por exemplo, a série de livros do Sítio do Picapau Amarelo.
Em 1918 publica "Urupês" uma coletânea regionalista de contos e crônicas. Já em 1919 publica "Cidades Mortas" livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.